quinta-feira, 29 de julho de 2010

MEDIUNIDADE NA BÍBLIA

Mesmo proibida, pois geralmente era praticada com fins inferiores, a comunicação mediúnica é um fato bíblico.
Dentre vários outros, a comunicação com os chamados "mortos" é um dos princípios básicos do Espiritismo, inclusive, podemos dizer que é um dos fundamentais, pois foi de onde surgir todo o seu arcabouço doutrinário.
Na conclusão do O Livro dos Espiritos, Kardec argumentou que: "Esses fenômenos (...) não são mais sobrenaturais que todos os fenômenos aos quais a Ciência hoje dá a solução, e que pareceram maravilosos numa outra época. todos os fenômenos espíritas, sem esceção, são a consequência de leis gerais e nos revelam um dos poderes da Natureza, poder desconhecido, ou dizendo melhor, incompreendido até aqui, mas que a observação demonstra estar na ordem das coisas.
Essa obordagem de Kardec é necessária, pois, apesar de muitos considerarem tais fenômenos como sobrenaturais, enquanto que inúmenros outros os querem como fenômenos de ordem religiosa, as duas teses são incorretas. A origem deles é espontânea e natural e ocorre conforme as leis que regem não só o contato entre o mundo material e o espiritual, mas toda a complexa interação que mantém o equilibrio universal. Por isso, não precisaríamos relacioná-los, nem mesmo buscar comprovação de sua realidade entre as narrativas bíblicas.

MEDIUNIDADE NA BÍBLIA

Primeiramente, selecionei alguns trechos com relação à sobreviv~encia do espírito, pois ela é a peça fundamental nas comunicações. Leiamos:
"Quando você (Abraão), irá reunir-se em paz com seus antepassados e será sepultado após uma velhice feliz" - (Gn 15,15).
"Quando Jacó acabou de dar intruções aos filhos, recolheu os pés na cama, expirou e se reunir com seus antepassados" - (Gn 49, 33).
"Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentiraõ à mesa no Reino do Céu junto de Abraão, Isaac e Jacó" - (Mt 8,11).
"e, quanto à resurreição. será que não leram o que Deus disse a vocês: 'Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos" - (Mt 22, 31-32).
Podemos concluir, dessas passagens, que há no homem algo que sobrevive à morte física.
Os relatos bíblicos nos dão conta que o intercâmbio com os mortos era um fato corriqueiro na vida dos hebreus. Por outro lado, quase todos os povos com quem mantiveram contato tinahm práticas relacionadas à evocação do espíritos, para fins de adivinhação, denominada necromancia. O Dicionário Bíblico Universal a define com sendo o meio de adivinhação interrogando um morto. Babilônios, egípcios e gregos a praticavam. Heliodoro, autor grego do III ou IV século d.C. relata uma cena semelhante àquela descrita em 1Sm (Etíope 6,14). O Deuteronômio atribuiu aso habitantes da Palestina "(...) a interrogação dos espíritos ou a evocação dos mortos" (18,11). Os israelitas também se entregaram a essas práticas, mas logo, mas logo são condenadas, particulamente por Saul (1Sm 28, 38). Mas, forçado pela necessidade, o rei manda evocar a sombra de Samuel (28, 7-25); o relato contitui uma das mais imprecionantes paginas da bíblia. Mas tarde, Isaías atesta uma prática bastante difundida (Is 8,19); parece que ele ouviu "uma voz como a de um fantasma que vem da terra" ( 29,4). Manasses favoreceu a prática da necromancia (2Rs 21,6), mas Josias a eliminou quando fez sua reforma (2Rs 23,24). Então, o Deuteronômio considera a necromancia e as outras práticas divinatórias como "Abominação" diante de Deus, e como  o motivo da destruição das nações, efetuada pelo Senhor em favor de Israel (18,12). O Levítico considera a necromancia como ocasião de impureza e condena os necromantes à morte por apedrejamento (19,31; 20,27). Vejamos mais algumas passagens:
"Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não apreenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem feiticeiro; nem encantador, nem agoureiro, nem feitiçeiros; nem prognosticador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo auquele que faz tal coisa é abdominação ao Senhor; e por tais abominações o Senhor teu Deus os lança de diante de ti. Perfeito serás para com o Senhor teu Deus. Porque estas nações, que hás de possir, ouvem os prognosticadores e os adivinnhadores; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa" - (Dt 18,9-14).
Esta passagem diz respeito à adivinhação e à necromancia. Elas se encontram entre as proibições. A preocupação central era proibir qualquer tipo de coisa relacionada à adivinhação, como fica claro pela última passagem, onde de diz "(...) estas nações, (...) ouvem os prognosticadores e os adivinhadores (...), reunindo, assim, todas as práticas a essas duas.

AS COMUNICAÇÕES E SUAS PROIBIÇÃO

Por outro lado, a grande questão a ser levantada é: os mortos atendiam às evocações ou não? Se não, por que da proibição? Seria ilógico proibir algo que não acontece. Teremos que tentar encontrar as razões de tal proibição. Duas delas podemos destacar. A primeira é que os espíritos dos mortos eram considerados, por muitos, como deuses. Levando-se em conta que era necessário manter, a todo custo, a ideia de um Deus único, Moisés istituiu a proibição de qualquer evento que viesse a prejudicar essa unicidade divina. As consultas deveriam ser dirigidas somente a Deus, daí, por forças das circunstâncias, precisou proibir todas as outras. A segunda estaria relacionada ao motivo pelo qual iam consultar os mortos. Normalmente,  eram para coisas relacioandas ao futuro, como no caso de Saul, que iremos ver logo à frente, ou para situações cotidianos, quando, por exemplo, do desaparecimento das jumentas de Cis, em que Saul, seu filho, procura um vidente para que ele dissesse onde poderiam encontrá-las.
A figura do profeta aparece como sendo a pessoa que tem poderes para fazer consultas à Deus ou receber da divindade as revelações que deveriam ser transmitida ao povo. Em razão de querer a exclusividade das consultas a Deus é que Moisés disse "Jave, seu Deus fará surgir, dentre seus irmãos, um profeta como eu em seu meio, e vocês o ouvirão" - (Dt 18,15). Elucidamos esta questão com o seguinte passo: "Em Israel, antigamente, quando alguém ia consultar a Deus, costumava diser: 'Vamos ao vidente'. Porque, em lugar de 'profeta', como se diz hoje, dizia-se 'vidente'" (1Sm 9,9) Em alguns casos poderá ver, inclusive, o futuro; daí  a ideia de que poderia prever alguma coisa, uma profecia, derivando-se daí, então, o nome profeta. Podemos confirmar o que estamos dizendo aqui nesse parágrafo, pela explicação dada à passagem Dt 18,9-22.
Moisés não era totalmente contra o mediunismo, apenas era contrário ao uso indevido que davam a essa faculdades. Podemos, inclusive, vê-lo aprovando a forma com que dois homens a faziam, conforme a seguinte narrativa em Nm 11, 24-30:
"Moíses saiu e disse ao povo as palavras de Iawher. Em seguida, reunião 70 anciães dentre o povo e os colocou ao redor da Tenda. Iawher desceu na Nuvem. Falou-lhe e tomou do Espírito que repousava sobre ele e colocou nos 70 anciães. Quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; porém nunca mais o fizeram".
"Dois homens haviam permanecido no acampamento: um deles se chamava Eldad e o outro Medad. O Espírito repousou sobre eles; ainda que não tivessem vindo à Tenda, estavam entre os inscritos. Puseram-se a profetizar no acampamento. Um jovem correu e foi anunciar a Moíses: "Eis que Eldad e Medad", disse ele, "estão profetizando no acampamento". Josué de Num, que desde a sua infância servia a Moíses, tomou a palavra e disse: "Moíses meu senhor, proibe-os!". Respondeu-lhe Moíses: "Estás ciumento por minha causa? Oxalá todo o povo de Iawher fosse profeta, dando-lhe Iawher o seu Espírito". A seguir, Moíses voltou ao acampamento e com ele os anciães de Israel". Fica claro, então, que pelo menos dus pessoas faziam dignamente p uso da faculdade mediúnica; daí, Moíses até desejar que todos fizessem como eles.
Outro ponto importante que covém ressaltar é a respeito da palavra espírito, que aparece inúneras vezes na Bíblia. Mas, afinal, o que é espírito? Hoje sabemos que os espíritos são as almas dos homens que foram desligados do corpo físico pelo fenômeno da morte. Assim, podemos perfeitamente aceitar que, esceto quando atribuem essa palavra ao próprio Deus, todas as outras estão incluídas nessa categoria.
Tudo, na verdade, não passava de manifestações dos espíritos, que muitas vezes eram vistos como deuses. Isso fica tão claro que podemos até mesmo encontrar recomendações de como nos comportar diante deles para sabermos suas verdadeiras intenções. Citamos: "Amados, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus(...)" - (1 Jo 4,1).

JESUS E AS COMUNICAÇÕES
Disso, pode-se concluir que era comum, áquela época, o contato com os espíritos. Podemos confirmar isso com o Apóstolo dos gentis, que recomendou sobre o uso dos "dons" (mediunidade), conforme podemos ver em sua primeira carta aos Coríntios (cap. 14). Nela, ele procurou demonstrar que o dom da profecia é superior ao dom de falar em línguas (xenoglossia), pois não vai nisso nenhuma utilidade senão quando, juntamente, houvesse alguém com o dom de interpretá-las.
Uma coisa nos podemos considerar. Se ocorriam manifestações naquela época, por que não as aconteceria nos dias de hoje? Veremos, agora, a mais notável de todas as manifestações de espíritos que podemos encontrar na Bíblia, pois ela aconteceu com Jesus. Leiamos:
"Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transformou diante deles; o seu rosto brilhou como o Sol, e as suas roupas ficaram brancas com a luz. Nisso lhes apareceram Moíses e Elias, conversando com Jesus. Então, Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se quisseres, vou fazer aqui três tendas; uma para ti, outra para Moíses, e outra para Elías". Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz". Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados, e caíram com o rosto por terra. Jesus se apriximou, tocou neles e disse: "Levantem-se, e não tenham medo." Os discípulos ergueram os olhos, e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes: "Não contem a ninguém essa visão, até que o filho do homem tanha ressuscitado dos mortos" (Mt 17, 1-9). Ocorrência inequívoca de comunicação com os mortos, no caso, os espíritos Moíses e Elías, que conversam pessoalmente com Jesus. E aí afirmamos que, se fosse mesmo proibida por Deus, Moíses não viria se apresentar a Jesus e seus discíplos, já que foi ele mesmo, quando vivo, quem informou dessa proibição, e nem Jesus iria infringir uma lei divina. Portanto, a proibição de Moíses era apenas uma proibição paricular sua ou de sua legislação da época. Os partidários do demônio ficam sem saída nessa passagem, pois não podem afirmar que foi o "demônio" quem apareceu para eles, já que teriam que admitir que Jesus fora enganado.
Podemos ainda ressaltar que, depois desse episódio, Jesus não proibiu a comunicação com os mortos. Apenas disse aos discípulos para não que contassem a ninguém sobre aquela "sessão espírita", até que acontecesse a sua "ressurreição". E se ele mesmo disse: "tudo que eu fiz vós podeis fazer e até mais" (Jo 14.12), os que se comunicam com os mortos estão seguindo o exemplo de Jesus.
Quem já teve a oportunidade de ler a Bíblia, pelo menos uma vez, percebe que está recheada de narrativas com aparições de anjos. Na ocasião da ressurreição de Jesus alguma nos dão conta do aparecimento, junto as sepulcro, de "anjos vestidos de branco" (Jo 20, 12; Mt 28,2), enquanto que outras nod dizem ser "homens vestidos de branco" (Lc 24,4; Mc 16,5). Isso demonstra que os anjos são espíritos, e que muitos podem até ter vivido na Terra.
Podemos concluir que, realmente, a comunicação com os mortos está presente na Bíblia, por mais que se esforcem em queer tirar dela esse fato.

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